Brasil avança na gestão de resíduos eletrônicos
Os brasileiros são um dos maiores compradores no mercado de e-commerce há alguns anos. Nesse cenário,o consumo de eletrônicos possui grande destaque, animando as vendas, mas trazendo também uma grande preocupação: o descarte incorreto dos produtos estragados.
Para combater esse problema, foi criado recentemente o Projeto de Lei 4094/24, com o objetivo de criar o Programa Nacional de Coleta, Reciclagem e Descarte de Equipamentos Eletrônicos, para reduzir ao máximo o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado desses produtos. Atualmente, a Câmara dos Deputados analisa a proposta e, para de fato virar lei, é preciso passar também pelo Senado.
Programa Nacional de Coleta, Reciclagem e Descarte de Equipamentos Eletrônicos?
Como vimos, o objetivo é reduzir o impacto ambiental, então, o programa foca na coleta, reciclagem e no descarte sustentável de produtos como celulares, computadores,
televisores, impressoras e etc.
O texto do projeto obriga as empresas envolvidas tanto na produção quanto na gestão logística, como fabricantes, importadores, distribuidores e varejistas de produtos eletrônicos, a desenvolverem espaços de coleta em lojas físicas, centros de distribuição ou em outros locais acessíveis ao consumidor.
Será ainda obrigação das empresas facilitar a devolução de eletrônicos obsoletos ou inutilizados pelos consumidores, inclusive por meio de um sistema de logística reversa para o transporte seguro dos equipamentos coletados. Além disso, devem garantir que os equipamentos coletados de fato sejam destinados ao reuso, reciclagem ou descarte adequado.
Em contrapartida, as empresas que conseguirem cumprir com as etapas propostas pelo programa, poderão receber incentivos fiscais, desde que comprovada a eficácia na destinação correta dos resíduos eletrônicos. Já as que não cumprirem as medidas, estarão sujeitas a punições do governo federal que vão desde advertência até multa entre 1% a 5% do faturamento bruto anual.
Pelo mundo, grandes empresas já adotam medidas sustentáveis na sua cultura. É o caso da gigante Siemens com o seu compromisso sustentável. Sendo líder de mercado no setor industrial, a empresa desenvolve softwares capazes de transformar a gestão de produtos, como no caso do Solid Edge que pode ser integrado a ferramentas de gestão do ciclo de vida do produto (PLM), ajudando a prever e otimizar cada fase do produto (do projeto à reciclagem).
Trabalhar com ações de sustentabilidade ajudam a melhorar a imagem da marca, pois essa é uma pauta importante para a população, principalmente para a geração Z e Alpha, caracterizada pelas pessoas nascidas a partir de 2010. Todas essas práticas podem ser divulgadas como ações de marketing verde.
Os problemas de descartar incorretamente equipamentos eletrônicos
As empresas apresentam dificuldades na gestão de resíduos, sendo um desafio real. Descartar incorretamente equipamentos eletrônicos causa diversos problemas ambientais, sociais e de saúde pública.
Contaminação do solo e da água: equipamentos eletrônicos contêm metais pesados como chumbo, mercúrio, cádmio e arsênio, que podem vazar e contaminar o solo e os lençóis freáticos. Essa contaminação pode atingir plantações, rios e até o abastecimento de água potável.
Poluição do ar: queimar eletrônicos para extrair metais, prática comum em lixões, libera substâncias tóxicas, como dioxinas e furanos, que afetam diretamente o sistema respiratório e aumentam o risco de câncer.
Riscos à saúde humana: pessoas expostas aos resíduos tóxicos, especialmente catadores informais, podem sofrer de doenças neurológicas, respiratórias e cânceres devido ao contato constante com esses materiais perigosos.
Desperdício de recursos naturais: muitos eletrônicos contêm metais valiosos como ouro, prata e cobre que poderiam ser reciclados. O descarte inadequado leva à perda desses recursos, exigindo mais extração da natureza.
Geração de lixo crescente: o volume de lixo eletrônico cresce rapidamente, e sem coleta adequada, esses resíduos se acumulam em aterros sanitários e lixões, sobrecarregando o sistema de gestão de resíduos urbanos.
Impactos socioeconômicos: a reciclagem adequada pode gerar empregos e renda. O descarte incorreto reduz essa oportunidade, além de aumentar os custos com saúde pública e saneamento.
Dificuldade de decomposição: componentes eletrônicos podem levar centenas de anos para se decompor naturalmente, agravando os problemas ambientais a longo prazo.
Com o alto volume de resíduos eletrônicos, ações sustentáveis como essa são fundamentais para cuidar do nosso planeta. Para isso, empresas e órgãos públicos devem trabalhar juntos, mas também é papel dos consumidores ajudarem nessa tarefa.